Um profissional liberal literalmente saiu no tapa com um destes “flanelinhas” na noite de segunda-feira, numa confusão que teve início em frente ao Clube XV de Novembro e foi acabar no alto da rua 15 de Novembro. “Deu até Polícia”, contou uma comerciante que testemunhou a agressão. 

 

Uma senhora que parava o carro na Praça Bernardino de Campos na tarde de quinta-feira contou que foi abordada por um rapaz que sem rodeios lhe disse que se não ganhasse uma moeda ela teria o carro riscado. “É algo assim meio absurdo a gente pagar pelo estacionamento e ter que pagar também para estes desocupados”, censurou.

 

As agentes que atuam na venda de créditos da Zona Azul confirmam a versão da dona de casa. “Eles ficam na cola da gente. Depois de vender o crédito eles chegam no motorista pedindo dinheiro. Eu via uns dois no início. De repente a gente começa a ver o surgimento de outras caras, algumas ameaçadoras”, disse uma das agentes. Outro ponto preferido é o bolsão de estacionamento localizado atrás do Mercado Municipal.

 

Um comerciante do local disse que a situação começa a preocupar. “Eles ficam transitando aqui dentro e assustam a clientela, sem falar na intranqüilidade que a presença deles gera entre os comerciantes. Nos sentimos impotentes”, disse. Um tradicional prestador de serviço que atua naquela região conta que a situação só tem feito piorar. “No começo eram uns dois, uma moça e um rapaz. Depois a coisa começou a aumentar, inclusive com umas figuras realmente ameaçadoras. Tem dia que junta uns dez aqui atrás do Mercado. Noto que principalmente as mulheres são vítimas preferenciais. Eles visam principalmente aquelas que carregam bolsas. A população tem certa culpa, porque acho errado dar  moedas a ele. Itapira tem uma enorme tradição de assistencialismo social e acho que o caminho é este, não ficar dando dinheiro. Isto só agrava a situação”, comentou.

 

 

A reportagem de A Cidade abordou um Policial Militar que atua na região central sobre a questão. “A gente tem poucos instrumentos para agir. Se não existe uma queixa formal, não podemos fazer nada. É levar para cima (na Delegacia de Polícia) e em seguida eles estão de volta, debochando da cara da gente”, relatou. O diretor da Guarda Municipal Heraldo Donisete Sabadini também avalia da mesma forma. “Não existe legalmente nada que os impeça de circular. Mas se cometem um delito, podem e devem responder por isso. Mas para que esta ação seja concretizada é preciso de uma denúncia formal. As pessoas reclamam, apontam, mas na hora de denunciar recuam, até por medo de represália. É um problema antes mais nada de saúde pública”, considerou.

 

A assistente social Regina Ramil, diretora do departamento de promoção social da Prefeitura acha que deve ser feita uma ação integrada envolvendo o setor de segurança, promoção social e saúde. “Temos já um estudo mapeando quem são estas pessoas. A grande maioria é dependente químico. São pessoas que recusam tratamento. A discussão é muito oportuna. Precisamos integrar este tipo de atendimento antes que a situação fique ainda pior do que está hoje”, defendeu.